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Comediante. Sou comediante e vivo todos os dias essa comédia que é a vida. Se a tua não está engraçada é porque não estás olhando pelo prisma certo. No fim das contas, por mais que tenhas responsabilidade, honra e valores, tudo vai ser resumir numa única sentença: "Se phodeu. Virou banquete de vermes." Não gostou? Te phode! Não pedi para gostar! ;)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Quando o espelho quebra

É difícil juntar os pedaços que sobram quando terminamos qualquer relação. Seja ela de trabalho, amizade, amorosa, tanto faz. No momento que passamos por uma situação dessas não sobram muitas perspectivas a nossa frente, uma vez que projetamos nosso futuro com “o” ou “os” envolvidos que estamos rompendo. Claro que existem os rompimentos de situações sufocantes, mas não são esses a que me refiro. Refiro-me àquelas que ainda esperamos que dê certo. Aquela relação que tínhamos tanta confiança (e por que não dizer esperança), que fosse duradoura. Aquele sentimento que sempre poderíamos contar com aquela pessoa.

Com todas as bobagens que já disse nesse um quarto de século, é lógico que já tive incontáveis separações e rompimentos desse tipo. Houve um tempo que minha língua era muito mais rápida que minha razão, (de certa forma ainda é, mas já me controlo um pouco mais), e por causa disso perdi algumas boas amizades. Certa vez até uma namorada muito legal, que deve ser chateada comigo até hoje... (Nesse momento confesso que até pensei em ligar pra ela e pedir desculpas). Bem, sempre nos sentimos mal (pelo menos deveríamos) quando fazemos, ainda que brevemente, aquele exame de consciência e chegamos à conclusão: “caguei”. Aí vem, às vezes, aqueles tardios pedidos de desculpas, fiascos, choros (particularidade, mas não exclusividade das “meninas”), flores, mensagens, incontáveis telefonemas, enfim, todo aquele “circo” que somos todos capazes de fazer. Nada mais natural. Nada mais humano que enfiar o pé na jaca estando com a cabeça quente e depois ver a grande besteira que fez.

Mas pra não fugir muito dos últimos textos aqui postados, vou falar um pouco de quando rompemos uma relação unilateral que criamos dentro de nós mesmos. Aquela que já falei, que “já fiz”, que “eu fiz você”. Sim, essa também é uma “separação” dolorosa. É a volta ao mundo real, as contas a pagar na segunda, as gravações que ainda preciso fazer, aos projetos de trabalho, as pessoas que ainda precisam um pouco da minha atenção e zelo. Agora enumero o que “ainda” tenho e vejo uma responsabilidade relativa quanto a isso. Não posso, infelizmente, viver um conto “shakesperiano” a sua espera, (sim, o texto tem destinatário). É uma pena não poder perder a razão em meus pensamentos pensando em ti, projetando e deixando-me projetar pela sua simples existência. Não que tenha perdido o metrônomo do seu caminhar, que ainda tem o mesmo “beat” do meu peito, ou que tenha sumido o encanto que apareceu no breve momento que seus olhos passaram pelos meus. Não é isso. É apenas a realidade, essa imposta a nossa (minha) situação.

É assim, com a realidade, que os cristais racham. Que os perfumes perdem o aroma, que a manhã de sol perde o calor dando lugar ao frio da própria existência. Foi assim que o espelho da minha alma quebrou. Quando fitei mais uma vez seus olhos e não me vi, ainda que embaçado, refletido neles.