Quem sou eu

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Comediante. Sou comediante e vivo todos os dias essa comédia que é a vida. Se a tua não está engraçada é porque não estás olhando pelo prisma certo. No fim das contas, por mais que tenhas responsabilidade, honra e valores, tudo vai ser resumir numa única sentença: "Se phodeu. Virou banquete de vermes." Não gostou? Te phode! Não pedi para gostar! ;)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Te ver

Adentrastes pelas minhas retinas como mar em fúria
Redefinindo o que de fato neste mundo é contraste
Assim, tu, que me “encontrastes”,
Refazes regras de comunhão.

Ainda que entre nós houvesse uma atmosfera
Teu odor corrompeu meu olfato invadido
Nesse momento eu, ainda meio que perdido
Segui teus passos, compassados, retos.

Tua voz falando a quem talvez pouco te atenta,
Reverberou infinitamente nos caracóis dos meus ouvidos
Reinventando melodias com esse sonido
A quem quiza pouco entendia a beleza das ondas sonoras.

E agora, que só tenho eternizado esse breve momento
Sinto inveja de quem pela primeira vez te verás,
Será como eu, de paralisar,
No teu bailar de amor machucado

Covarde sou que me calo
Quando deveria falar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Refletindo um pouco

No último dia 16 faleceu minha avó. Ela não era uma pessoa querida. Não era uma pessoa amorosa. Tampouco uma pessoa carinhosa. Não a vi muito nos últimos anos. Não troquei palavras, ainda que fúteis, com ela. Não quis ouvir ela. Era tão chateado com ela com algumas coisas da minha infância que preferi a distancia. O silêncio “espraguejador”. De fato, fui até o hospital apenas para ver se estava tudo bem com o meu pai e com a minha tia Lisa, que era a pessoa mais ligada a ela e que quiza fora a única que a entendeu e a amou mesmo assim. Amou a velha apesar de todas as diferenças. Bem da verdade, estava preocupado com a tia Lisa mesmo.

Mas sabe, quando vi aquele corpo inerte na maca, pela primeira vez indefeso, alguma coisa mudou em mim. Ver aquele cadáver com esparadrapos no rosto, pálido e frio, fez algo mudar. Pensei, “porra vó, tu vivestes 85 anos e poderias ter vivido todos eles de forma feliz. Poderias ter feito as pazes com todos, ter cedido mais, ter sorrido de boba e ter se preocupado menos com coisas materiais. Nada disso vai dentro do teu caixão.” Ver a minha vó daquele jeito consertou algumas coisas na minha vida. Pois, como diria a história, quando Inês é morta já fodeu tudo. Voltei para o trabalho pensando em tudo isso.

Quando cheguei ao velório e vi tanta hipocrisia na volta do caixão, (sim, quase ninguém gostava da velha, entretanto quase todos choravam), entendi mais uma coisa. Definitivamente mágoas não valem a pena. Amplificar mágoas para justificar nosso próprio ego e falta de confiança é uma coisa completamente imbecil. E como já fiz isso em muitos casos. E em todos os casos o principal sofredor fui eu mesmo. Tchê, sem muitas filosofias ou palavras bonitas: isso é uma merda.

Mais tarde, quando o ministro jogou uma pá de terra sobre o caixão e um breve raio de sol dourou a cena, vi que a vovó (romanticamente falando) também tinha entendido isso. Morreu sem dor, sem doença, sem dar qualquer tipo de trabalho (diferentemente da vida toda que teve saudável). Assim, dessa forma, minha vovó foi uma vovó linda e ótima pelo menos uma vez: ensinou-me que de fato têm muitas coisas que não valem uma vida de rancor.

Hoje peço desculpas a todos que por ventura alguma vez na vida tenha magoado, de forma direta ou indireta. Não peço perdão aos inimigos, até porque para esses minha adaga está sempre pronta! Mas também não dou mais tanta importância as nossas rixas. Que assim seja por toda uma vida.

André.