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Comediante. Sou comediante e vivo todos os dias essa comédia que é a vida. Se a tua não está engraçada é porque não estás olhando pelo prisma certo. No fim das contas, por mais que tenhas responsabilidade, honra e valores, tudo vai ser resumir numa única sentença: "Se phodeu. Virou banquete de vermes." Não gostou? Te phode! Não pedi para gostar! ;)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Eu fiz você

Tenho grandes dificuldades com desenhos, pinturas, esculturas. Quando “guri” na escola era péssimo com a tal da argila. Meus “coleguinhas” faziam coisas bonitas e identificáveis com o tal barro, enquanto eu fazia enormes cocozões e dizia “profe, isso é um pônei”. Era tamanha a dificuldade com o negócio que encorajar o moleque de seis anos, cabelo com corte de pinico e desbocado pra chuchu poderia até ser considerado um atentado contra a arte infantil. Eu era (sou) realmente péssimo com esculturas.
Compensando ou não, sempre tive uma imaginação muito boa. Na minha cabeça as esculturas ficavam lindas, cheias de vida e definições. Dentro da minha cuca Michelangelo passaria vergonha com as dele. Com essa habilidade então, a pouco tempo atrás “esculpi” uma moça. Bem, ela já tinha traços bonitos, lindos na verdade, era barbada fazer o resto. Bastava olhar nos seus olhos enquanto ela educadamente falava comigo com sua voz angelical e imaginar o resto. “Esculpi” a sua companhia, os abraços de carinho, os beijos, as palavras de consolo nos momentos oportunos, os “mimos” que daria a ela, os sorrisos, as noites, dias e manhãs de amor. Era tudo perfeito. Enquanto aspirava seu perfume imaginava a textura da pele, as massagens que faria nela após qualquer dia de estresse que eventualmente pudesse ter, os cafés na cama, as ligações “banais” somente para dizer “estava pensando em ti”. Enfim, esculpi toda uma situação na minha própria cachola sem ela tomar conhecimento. Imaginei todo aquele cenário meloso, (que todo mundo diz ter ódio e ser cafona mas quer ter), sem ela nem sonhar que pudesse estar fazendo isso. Sensacional! Aí, tal qual o escultor famoso que disse a sua obra “parla”, acreditei na minha própria criação. É um erro colocar a arte no mundo real. A arte não existe nesse lugar.Quando me dei conta que como antigamente acontecia com a argila não poderia exteriorizar minha “obra de arte”, meu pequeno mundo imaginário se perdeu nas aquarelas e descoloriu. Não perdendo seu encanto, mas sim a viabilidade da situação. Era presunção demais achar que a “Vênus de Milo” (a minha tem braços) que todos observavam “catatonicamente” maravilhados, prenderia ser olhar por mais de cinco minutos no “menino com cabelo de pinico”. Pensei pra mim mesmo, “eu fiz você”, “como te criei posso te destruir dentro de mim”, “quem ela acha que é pra ficar nos meus pensamentos?”. Pensei várias coisas, mas, além de não conseguir, achei que seria uma pena acabar com a “escultura” idealizada. “Te fiz pra mim”. E sendo assim, em mais um ato de puro egoísmo meu, mas sem ferir ninguém, “guardei ela” no “museu” dos móveis velhos dos meus pensamentos.