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Comediante. Sou comediante e vivo todos os dias essa comédia que é a vida. Se a tua não está engraçada é porque não estás olhando pelo prisma certo. No fim das contas, por mais que tenhas responsabilidade, honra e valores, tudo vai ser resumir numa única sentença: "Se phodeu. Virou banquete de vermes." Não gostou? Te phode! Não pedi para gostar! ;)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Acho que é isso que eles chamam de felicidade

Provérbios 14,13

“O sorriso pode esconder a tristeza; quando a felicidade vai embora, a tristeza já chegou.”

Quando pequeno, havia um único lugar seguro para mim. Era um lugarzinho atrás da minha cama, que mesmo com o tamanho de criança, tinha que me encolher para entrar. Lá guardava meus tesouros infantis, tais como algumas revistinhas, alguns brinquedos e o primeiro violão que fora da minha irmã mais velha. Esse último ainda não pensava em aprender, era somente um barulho desatordoado e infernal (há quem diga que isso não mudou até hoje). Sempre ansiava à hora de ir para o cantinho. Saía para escola cedo de manhã já contando as horas de chegar naquele pequenino lugar onde a felicidade morava. Eram tão poucas as horas que podia ficar ali, até mesmo as crianças têm compromissos, que o único momento de total felicidade que tenho lembrança daquela época era naquele lugar. Sozinho naquele cantinho atrás da minha cama que se eu não encurtasse as pernas nem entrava.

O tempo passou. Creio que de 4 para 6 anos eu já não entrava mais no lugarzinho onde morava o bem estar, a dita então felicidade, que tanto ouvia falar mas ainda não conhecia com certa intimidade. Então, não mais que de repente, a felicidade passou a não existir mais para o guri de 6 anos. Não havia mais um lugar onde ele se sentisse bem, onde ele esperasse cada minuto passar para estar. A felicidade simplesmente fora embora à medida que os ossos e todo o tecido epitelial cresceram. Nascia então uma nova situação, ainda que não definida, “a busca da felicidade”.

A felicidade é buscada porque é mais rara que um diamante de todos os quilates possíveis. Basta olhar em volta, ela se faz um tesouro maior por haver uma grande oferta de ofensas, tristezas, depressão, atitudes destruidoras e demais coisas que o ser humano é capaz de produzir em abundancia. A pulverização da inveja, da cobiça e outras coisas desse gênero, praticamente deixa seco o campo verde e agradável onde talvez morasse a felicidade. Esse “veneno” é passado como uma herança natural, só que de pessoa para pessoa, assim, tendo um alcance cada vez maior nos corações que tanto perseguem a dita “felicidade”.

Então, claro que não estou contando nenhuma novidade. As pessoas no geral são um saco, egoístas, mesquinhas e diversas vezes espalham com palavras a própria ignorância invés do silencio sábio. O que posso querer dizer com essas quatrocentas e catorze palavras até agora? O óbvio. Onde está a felicidade depois que não cabemos mais no nosso cantinho secreto? Vou dar a resposta, nas linhas do próximo parágrafo, de onde está a felicidade.

Não sei! Certamente não poderia ser tão presunçoso para achar que tenho tal resposta. Mas sei de uma coisa: sei onde ela não está. O tesouro não está na obsessão. Não está na inveja. Tampouco está na cobiça. Ele também não está na competitividade louca do teu trabalho. Com certeza ela não está nas tuas imputações de conduta sobres os teus. Não está também nas palavras que forças para que sejas mais interessante que alguém ou alguma coisa. Também não está no que a maioria das pessoas chama de amor. Não está no abraço forçado, entre as pernas da mulher desesperada ou no drink do homem solitário na zona. Não está em nenhum desses lugares. Não está no confortável bem-estar que a depressão produz. E posso dizer, provavelmente não está na maioria dos lugares que algum leitor possa nesse momento achar que está ao ler essas quase seiscentas palavras.

Onde está essa porra de felicidade então? Continuo mantendo a resposta: não sei. Mas sei de alguns lugares onde não sinto mais a falta dela. São lugares muito próximos aquele cantinho mencionado no começo do texto. Nas cordas da 1956 e da 1975. No sorriso da Carol, minha sobrinha. “Nos bilhões” de palavras que meus sobrinhos, Matt e Luke, gritam no skype que não consigo entender. Na solidão da estrada. No encontro anual da minha família (claro que não mais que 1 hora todos juntos!). Na companhia de fiéis e bons amigos. Nas músicas que canto no chuveiro! Nos braços da morena que sei lá se amo (o que mais me deixa intrigado é que ela sabe disso). Nas lembranças doces que deixam um amargo na minha boca e um aperto no meu peito. Nas vitórias da sobrevivência. No perdão justo e quando sou perdoado justamente. No consolo que me pede quem assim me valoriza. Esse por sua vez geralmente é somente um silencio e um abraço, até porque não tenho muitas coisas importantes a dizer para serem considerados consolos. Enfim, em alguns momentos como esses, a felicidade não me faz falta alguma. Acho que chamar de “felicidade” talvez seja aquelas lacunas que a tristeza deixa quando momentaneamente vai embora. Quando alguns pássaros negros não colocam mais seus ovos de pedras em nossos corações. Se a felicidade for o resultado da falta de tristeza, e repito, não sei se é, acho humildemente que tais lacunas devem ser desfrutadas com o sentimento que se faz merecer: a alegria. Digo assim porque viver nesse mundo repleto de tristezas torna tais momentos de ausências de dores quase impossíveis.

Provérbios 15,17

“É melhor comer verduras na companhia de quem a gente ama do que comer a melhor carne onde existe ódio.”

P.S.: Antes que alguém diga que virei crente, e vai tomar no cu por isso, procure saber o que são os “Provérbios” da Bíblia. Talvez tais palavras sábias façam a vida de quem pensou isso menos medíocre. ;)