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Comediante. Sou comediante e vivo todos os dias essa comédia que é a vida. Se a tua não está engraçada é porque não estás olhando pelo prisma certo. No fim das contas, por mais que tenhas responsabilidade, honra e valores, tudo vai ser resumir numa única sentença: "Se phodeu. Virou banquete de vermes." Não gostou? Te phode! Não pedi para gostar! ;)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

“Em nome do Senhor”

Ontem o dia começou como a maioria dos dias de 2009 pra mim. Acordei cedo, fiz o café, tomei banho, saí de casa pra deixar a “patroa” no trabalho e como faço todos os dias, fui comprar os jornais no Junca. Como sempre o transito naquela parte da Joaquim Nabuco estava horrível, não tinha como estacionar, “bilhões” de carros, buzinas, aquela história de todos os dias desse 2009... Comprado os jornais, já dentro do carro e parado naquele sinal da Bento com a Joaquim, resolvi dar uma olhada na capa do nosso jornal local, já que nossas sinaleiras fazem a “onda demorada do vermelho”. Foi aí que o dia ficou fúnebre.

Entre todas as manchetes que sempre estampam os jornais, ( Gripe “Porcina”, corrupções do governo, etc), vi uma notícia que me deixou órfão. O Luna Bar, aquele bar romântico e simpático de 55 anos no calçadão Oswaldo Cruz, estava fechando as suas portas! Aquela quinta-feira, seis de agosto, era o último dia de atendimento do bar mais tradicional e antigo da cidade. Foi horrível ler aquela manchete. O sinal abriu e fiquei estático, sem reação, ouvindo as buzinas da turma apressada que estava atrás de mim. Fui tomado por um sentimento de perda, de vazio, pois parte do meu cotidiano, desde a minha infância, estava sendo tirada de mim. Confesso que nem pensei no Geraldo, no Israel ou na Isa, estava com um sentimento egoísta, com uma dor de passar pelo calçadão e não ver mais a única coisa que me fazia ainda passar por ali. Eu conhecia cada quadro daquelas paredes velhas. O café com o cigarro no Luna era a melhor terapia que eu tinha. O meu momento de reflexão. Não podia imaginar que aquilo estava acontecendo. Mas estava.

Bem, foi almoçar com meu pai e minha mãe. A comida da “velhinha” estava ótima, mas ainda assim não descia. Eu queria ir logo para o Luna pra aproveitar meu último cafezinho naquele lugar único. Então saí correndo, achei uma vaga num estacionamento e rapidamente cheguei ao bar. Aí aconteceu o mais chocante: O LUNA BAR JÁ ESTAVA SENDO DESMONTADO! Fui a lona! Não sabia se tinha raiva da notícia errada do jornal ou do próprio oficial de justiça que coordenava o desmanche. Estava irracional no momento, com ódio! Quem eram aqueles homens do governo, com aqueles “homens” de Deus pra desmanchar um lugar tão querido por todos em Novo Hamburgo? Fui saber os detalhes...

Fui informado pelo Israel, pois o Geraldo mal conseguia conter a própria emoção, que a Igreja Universal, dona de quase todo o calçadão e do prédio do Luna, cassou uma liminar que mantinha o bar aberto e retomou a sala. Sem prazos, sem nada. O Luna bar foi expulso do seu lar de 55 anos pelos “Homens da Fé”. Algo como aqueles rituais que costumam fazer, mais ou menos assim: “Em nome do Senhor eu exijo, eu ordeno que saia daqui!!! Saí demônio, saí desse corpo que não te pertence!!!” E claro que fizeram isso com todo o amparo legal e um oficial de justiça fiscalizando a expulsão de um lugar sério da nossa cidade...

Lugar sério? Sim! O Luna Bar tinha mais credibilidade que todos esses que o expulsaram. Nunca vimos escândalos envolvendo o Luna bar, nunca vimos desvios de dinheiro no Luna bar! Em 55 anos, nenhum escândalo! Só de curiosidade e atrevimento, mas em 55 anos em quantos escândalos a referida igreja e o “adorado” governo já se meteram??? Hehehe É, o Luna era mesmo um lugar sério...

Fica aqui registrada a minha tristeza e meu apoio, ainda que tardio, ao Geraldo, Israel e Isa. Muito obrigado a vocês e desculpem esse hamburguense, descendente de alemão como as origens da nossa cidade, que nada fez pra evitar que fossem corridos por “estranhos” da nossa própria Novo Hamburgo.